Você já ouviu falar na Maria Quitéria? Ou então Chiquinha Gonzaga? Maria da Penha, com certeza já ouviu falar, mas você sabe porquê a lei carrega o seu nome?
O Brasil é repleto de histórias de mulheres guerreiras e lutadoras e raramente ouvimos falar sobre elas, seja na mídia, ou nas aulas de história. Para nós, que escrevemos, pesquisar sobre elas e conhecer um pouco de sua jornada foi de extrema importância, por isso, gostaríamos de compartilhar com vocês um pouco do que descobrimos.
#01 - BERTHA LUTZ
Bertha Lutz Bióloga, cientista, advogada e ativista, ela foi pioneira no movimento de igualdade de gênero e a responsável por trazer o movimento feminista para o Brasil.
Nasceu em agosto de 1894, em São Paulo, Bertha Maria Júlia Lutz é conhecida como uma das maiores líderes na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. Durante a
graduação em Ciências Naturais na Universidade Sorbonne, em Paris, ela conheceu o movimento feminista inglês, e resolveu exportá-lo para o Brasil.
Fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) e, em 1932, liderou o grupo na pressão para que o presidente Getúlio Vargas modificasse o código eleitoral para permitir que as mulheres votassem. Participou da comissão responsável por elaborar uma nova constituição e garantiu que direitos da mulher fossem incluídos.
Assumiu o mandato de deputada na Câmara Federal em julho de 1936, em decorrência da morte do titular. Sua atuação parlamentar foi marcada por proposta de mudança na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor, visando, além de igualdade salarial, à licença de três meses para a gestante e à redução da jornada de trabalho, então de 13 horas diárias.
Por conta de sua atuação política e luta pelos direitos das mulheres, Lutz foi convidada, em 1975, a integrar a delegação brasileira ao primeiro Congresso Internacional da Mulher, realizado na Cidade do México.
#02 CHIQUINHA GONZAGA
Foi uma compositora, instrumentista e maestrina, Considerada uma das maiores influências da música popular brasileira, autora da primeira marcha carnavalesca (ó abre alas – 1899) e a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Nasceu no Rio de Janeiro, em outubro de 1847, filha de um militar de ilustre linhagem no Império, com uma escrava alforriada.
A partir de 1877, após dois divórcios, maldição familiar e condenações morais, passou a fazer da música uma profissão, condição inédita para as mulheres no Brasil na época. Era considerada desafiadora do padrão por declarar-se abolicionista. Chegou a vender partituras para arrecadar recursos que foram destinados à "Confederação Libertadora".
Aos 52 anos, se viu em um novo escândalo ao se apaixonar pelo português João Batista Fernandes Lage, que tinha 16 anos quando se envolveu com a brasileira. Ele ainda adotou o sobrenome dela e passou a assinar João Batista Gonzaga.
Após sofrer exploração abusiva de seu trabalho, fundou em 1917, a primeira sociedade protetora e arrecadadora de direitos autorais do país, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat).
A importância de Chiquinha Gonzaga para a música nacional foi reconhecida também por lei. A partir de 2012, na data do nascimento da artista, 17 de outubro, passou a ser comemorado o "Dia da Música Popular Brasileira".
#03 ENEDINA ALVES MARQUES
Foi a primeira mulher negra a se formar em engenharia civil no País e a primeira engenheira da região Sul.
Nascida em Curitiba, Paraná, no dia 13 de janeiro de 1913, em uma família pobre, Enedina não se deixou intimidar e lutou por seus sonhos.
Sua mãe trabalhava como empregada doméstica na casa da família do major Domingos Nascimento, que pagou os estudos de Enedina e a matriculou nas mesmas escolas que sua filha. Mesmo com o apoio do major, sua jornada não foi fácil, sempre trabalhando como doméstica e babá em casas da elite curitibana para custear seus estudos.
Ao concluir o ensino médio, passou a lecionar em cidades do interior do Estado do Paraná, como Rio Negro, São Mateus do Sul, Cerro Azul e Campo Largo. Contudo, Enedina tinha um sonho: queria se tornar engenheira civil. Retornou à Curitiba e, em 1940, ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, tendo que lidar com muito racismo e preconceito da parte de muitos professores e também de colegas de curso. Nessa época, era destinado às mulheres, principalmente, o papel de dona de casa. No mercado de trabalho, as opções costumavam se limitar a trabalhar como professora ou a empregos em fábricas.
Antes dela, apenas dois negros haviam se formado engenheiros na mesma Instituição de Ensino e somente quatro mulheres já tinham se graduado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
#04 MARIA DA PENHA
Líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres e responsável pela criação da lei N. 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha.
Maria da Penha conheceu Marco Antonio Heredia Viveros, quando estava cursando o mestrado em Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo em 197. O casamento aconteceu em 1976. Após o nascimento da primeira filha e da finalização do mestrado de Maria da Penha, eles se mudaram para Fortaleza, onde nasceram as outras duas filhas do casal.
Em 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de Marco Antonio. Primeiro, ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia. Como resultado dessa agressão, Maria da Penha ficou paraplégica devido a lesões irreversíveis na coluna. No entanto, Marco Antonio declarou à polícia que tudo não havia passado de uma tentativa de assalto. Quatro meses depois, quando Maria voltou para casa ele a manteve em cárcere privado durante 15 dias e tentou eletrocutá-la durante o banho.
Desde então Maria da Penha lutou por justiça.
O primeiro julgamento de Marco Antonio aconteceu somente oito anos após o crime, o agressor foi sentenciado a 15 anos de prisão, mas saiu do fórum em liberdade. O segundo julgamento só foi realizado em 1996, no qual o seu ex-marido foi condenado a 10 anos e 6 meses de prisão. Contudo, sob a alegação de irregularidades processuais por parte dos advogados de defesa, mais uma vez a sentença não foi cumprida.
Então, em 2001 após ganhar repercussão internacional, o Estado foi responsabilizado por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras. Em 7 de agosto de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Maria da Penha.
#05 MARIA QUITÉRIA
Maria Quitéria de Jesus foi a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro. Considerada a heroína da Independência, ela fingiu ser homem para poder entrar nas Forças Armadas.
Nasceu em 1792, em uma fazenda na Bahia, Maria Quitéria não tinha formação escolar, mas era experiente na caça, na pesca e no manejo de armas. Diferente das moças de sua época, ela era independente e contrariava os padrões da sociedade.
Em 1822, o governo da Bahia passou a recrutar voluntários para as lutas de apoio à Independência. Maria Quitéria pediu ao seu pai permissão para se alistar, mas foi proibida por ele, decidida a lutar ela pegou o uniforme do cunhado emprestado, cortou seus cabelos e apresentou-se como sargento Medeiros ao Exército.
Duas semanas depois de seu “desaparecimento” seu pai suspeitou de onde ela poderia estar, foi quando a encontrou no acampamento militar. Surpreso o comandante, major José Antônio da Silva e Castro, não fazia ideia de que um de seus guerreiros era na verdade Maria Quitéria de Jesus. Reconhecendo sua importância ele não liberou a saída da moça, pois ela era um soldado bom demais para voltar aos afazeres domésticos. Seu exemplo ficou tão famoso que outras mulheres se apresentaram para lutar e formaram um grupo comandado por Quitéria.
Com a derrota das tropas portuguesas, em julho de 1823, Maria Quitéria foi promovida a cadete e reconhecida como heroína da Independência. Dom Pedro I deu a ela o título de “Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro”.
Maria Quitéria tornou-se símbolo da emancipação feminina e foi condecorada patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Em 1953, no aniversário de 100 anos de sua morte, o governo brasileiro decretou que seu retrato estivesse presente em todos as repartições e unidades do Exército.
E aí? O que achou da história dessas mulheres inspiradoras?
Esse foi nosso último post da semana da mulher, que foi pesquisado e escrito com muito carinho. Esperamos que tenham gostado.
Por: Andréia Silva e Mayara Martins
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